quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fragmentos de um corpo só - Reflexão escrita


Fragmentos de um corpo só
Reflexão acerca da primeira fase dos trabalhos
De 2 a 23 de Julho de 2009

Quando nos propomos a trabalhar sobre algo tão amplo como a noção de corpo, torna-se indispensável estruturar o trabalho, de forma a não perder o rumo ao que procuramos e clarificar a finalidade do material que servirá o ultimo objectivo a concretizar: o espectáculo.
Nesse sentido sentimos que esta primeira fase se mostrou eficaz. Propusemos que durante este primeiro período se encontra-se o esqueleto da encenação, o material que servisse de base o produto final, e assim foi.
Terminámos esta fase com esse objectivo cumprido.
Acerca das propostas lançadas, centremo-nos em três: o teatro como jogo, a improvisação como veiculo de exploração do material cénico e o compromisso de abordar a noção de corpo enquanto estrutura.

O teatro como jogo

Nesta premissa tentamos utilizar a cena e as suas ferramentas de acção cénica para o actor, como matéria presente e sublinhada no jogo da encenação.
O ritmo, a repetição, o trabalho acerca da dinâmica dos corpos, a intensidade criada pelo actor ou pelo compromisso musica, movimento e encenação, foram motores de criação das diversas partituras que definiram algumas das cenas estruturadas.
A resposta a esta premissa mostrou-se algo dificultada pela diferença real das possibilidades dos corpos e pelo desconhecimento dos pares. Será importante referir que o elenco provém de projectos distintos, o que torna necessário num primeiro momento estimular a dinâmica comum do colectivo.

Improvisação como veiculo de exploração do material cénico

Neste ponto encontrámos o grande momento desta primeira fase no que toca a partilha de experiências e realidades artísticas e pessoais.
A abertura que permite uma improvisação livre, permite a quem a executa, romper dogmas e estériopticos de trabalho que muitas vezes condicionam a criação contínua.
No espaço da improvisação exploraram-se as difrentes possibilidades motoras e intelectuais de cada actor, fundiram-se tempos de cena diversos, que muitas vezes jogaram em plena harmonia.
Notou-se atenção por parte do colectivo em explorar as potencialidades individuais de cada indivíduo e de tirar um partido comum das mesmas.


Corpo enquanto estrutura

A encenação criada até aqui, e as opções tomadas acerca do trabalho de colagem das cenas, dos textos e do jogo cénico, têm respondido a esta premissa.
Apresentámos no trabalho até agora elaborado uma estrutura/um corpo cénico que por si poderá ser desmontado e reconstruído em diferentes sentidos, possibilitando de imediato diferentes leituras.
Temos entre mãos uma espécie de estrutura desmontável, plural no seu sentido de leitura e definitivamente laboratorial no seu sentido.



De facto assumimos o risco do não convencional, em prol da possibilidade de pesquisa, responsabilizando todo o colectivo pelos momentos mais e menos conseguidos.
Parece-nos que até aqui, escolhemos a possibilidade de criar um momento de descoberta em continuidade até ao fim do projecto, deixando o espectáculo como consequência fatídica.

Marco Paiva
Rui Fonseca
Carolina Sousa Mendes
João Pedro Conceição